Gosto imensamente dos cheiros das flores: dama da noite e jasmim! Do café quando está sendo feito; do cheiro da terra molhada pela chuva; do cheiro da grama que acabou de ser cortada; dos pinheiros quando podados; da torta de maça, do pão quando está assando, da carne assada; dos temperos, dos aromas de canela, baunilha; da casa quando acabou de ser limpa; dos lençóis e toalhas cheirosos de pois de lavados, dos sabonetes que uso para tomar banho; do cheiro das peles dos meus quatro netos; das essências dos meus perfumes, com essências escolhidas pelo Kenzo. Enfim amo cheiros e aromas!
Visitei Roma no final do mês de maio. Era primavera. Havia jasmins por toda a parte. Nossa última refeição foi numa cantina pequena. Sentamos numa mesa embaixo de um jasminzeiro. Nada mais agradável. Ficamos ali, meu marido e eu, embebedados com aquele aroma inesquecível, que se misturou com o cheiro do vinho tinto que tomamos para acompanhar a massa do jantar. Puro prazer para lembrar enquanto tivermos memória!
É claro, há também cheiros desagradáveis. Muitos que comunicam situações de perigo, como o aroma colocado no gás para que saibamos que há vazamentos. Ou odores que indicam que temos algum problema de saúde. Ter olfato é sentir odores agradáveis e desagradáveis.
Quero terminar, por hoje, citando o ocorrido no evangelho de São João, quando Marta e Maria hospedavam Jesus pela última vez. Maria derrama um vidro de perfume nos pés de Cristo. E o escritor diz que “a casa encheu-se com a fragrância do perfume”. Esta cena me toca muito, porque Maria derrama o perfume e enxuga os pés de Jesus com os cabelos. Massagem deliciosa, preparando o Mestre para o intenso sofrimento que estava para chegar. O resultado deste gesto é que Maria e Cristo ficaram com o mesmo perfume. Quem passava por Cristo ou por Maria, sentia o aroma. E se passasse depois pelo outro identificava: “É o mesmo perfume”.