O assunto do momento é: “Quem é o responsável pelo abuso sexual cometido contra a mulher?” E surpreendentemente as pesquisas apontam para o fato que a maioria dos entrevistados – entre eles tinham mais mulheres que homens – declararem que a responsabilidade é da mulher que se veste de maneira “provocativa”.
Penso que culpar a mulher de erros provenientes das interações masculino e feminino, não é novo. E considerando a ótica bíblica, este tipo de acusação começou no Eden. Foi lá que o homem não assumiu sua rebeldia e culpou “a mulher que tu me deste” diante de Deus. E desde então a mulher tem sido acusada por homens e mulheres, principalmente quando o problema diz respeito a abuso sexual. O que aconteceu? Parece-me que a mulher perdeu sua identidade e seu valor e se dispõe a acusar ou a pagar pela responsabilidade que vai além da própria. E o homem fica numa situação de conforto como se fosse um bicho do mato que não tem controle sobre seus desejos e excitações.
Como podemos sair disto? Ou como podemos mudar a forma de homens e mulheres enxergarem a si mesmos em suas culpas e responsabilidades? Homens assumindo suas responsabilidades e mulheres não assumindo o que não é seu?
Como seguidora de Cristo Jesus, penso que na Redenção podemos ter a redenção de um novo olhar sobre esta situação tão devastadora para a mulher. Nele temos uma postura, não de abuso, mas de redenção da mulher e de dignidade para o homem. Cristo cura uma garota de 12 anos para que fosse alimentada pelos pais e crescesse se tornando uma mulher. Cura a mulher que tinha uma hemorragia uterina, doença exclusiva de mulher e muda a identidade desta mulher. Antes ela era a “mulher imunda” que tinha um fluxo continuo de sangue, depois da cura ela está capacitada novamente para se relacionar. Tornou-se uma “mulher limpa” e pode viver novamente em contato com as demais pessoas. Acolhe amorosamente o contato da prostituta. E seu olhar é tão amoroso que ela se debulha em lágrimas molhando seus pés e enxugando-os com os cabelos. E dali por diante passou a ser a ex prostituta. Não julga e nem condena a mulher pega em flagrante com outro homem que não era seu marido. Se era um flagrante porque não levaram o homem junto? É a oportunidade para que Cristo questione a responsabilidade de cada um dos homens, por si mesmo. E é para uma mulher sedenta na vida que tentava acalmar sua sede trocando de homem em homem que ele se revela como Messias e a fonte de água viva, a mulher samaritana!
Em Cristo, como mulher, posso me aceitar, me amar e me valorizar como uma pessoa e desta forma não assumir e nem jogar em outra mulher responsabilidades que são de outros. E o homem pode olhar para si mesmo e reconhecer seus erros e fraquezas ao invés de jogar a responsabilidade que é dele sobre a mulher.
[…] Por Esther Carrenho (Psicóloga clinica; facilitadora de Grupos de Crescimento e Integração,Grupo de Casais) […]