Decidi escrever para mim hoje, que é meu aniversário.
Enquanto caminhava pela Av. Angelica e Av. Paulista fui lembrando dos anos que foram marcantes na minha vida. E vou falar de alguns hoje. Mas tenho o desejo de falar de todos em outros momentos.
O primeiro ano marcante foi o quinto, quando me acidentei caindo duma tora enorme de madeira. Fui hospitalizada e pela primeira vez fiquei longe de casa. Mas a lembrança que tenho é que recebi muito carinho das enfermeiras e dos médicos que cuidaram de mim até minha completa restauração.
O segundo ano marcante na minha consciência foi o sétimo. Eu estava no chamado primeiro ano escolar daquela época. Hoje seria o segundo. Minha professora vinha da cidade para lecionar. Viajava mais ou menos meia hora de ônibus e meu pai levava um cavalo até o ponto onde ela descia. Ele voltava a pé e a professora a cavalo. A tarde meu pai caminhava até o mesmo lugar para trazer o cavalo de volta. Meus dentes eram quase todos cariados e Dona Ivone percebeu. Nas férias do final de ano ela conversou com meus pais e me levou para ficar dois meses em sua casa para cuidar dos dentes.
O terceiro ano marcante foi quando tinha dez anos. Tinha feito o terceiro ano escolar e precisava continuar. Como na colônia agrícola em que eu morava só tinha até o terceiro, fui morar na casa do meu avô materno que morava perto de uma cidade pequena, onde depois de caminhar uma hora eu chegava para cursar o quarto ano. Um ano de aventuras. Eu tinha muito medo de caminhar pelo cafezal. Medo de cobra. Medo de ser atacada por algum homem, o que não era tão raro naquele tempo. Mas nunca deixei de ir a escola. Um ano depois estava de volta à casa dos meus pais.
O quarto ano marcante foi aos 14. Meus pais continuavam na lavoura e moravam distante da cidade onde havia a possibilidade de continuar estudando. Era impossível continuar os estudos sem que deixasse a casa dos meus pais. Meu pai viu minha necessidade muito mais do que o apego que tinha comigo. O pastor da minha igreja viu a possibilidade de cooperar para que eu tivesse uma qualidade de vida melhor do que a que já tinha. Fez um acordo com meu pai e sendo ainda quase uma criança deixei a casa dos meus pais e fui morar na cidade.
O quinto ano marcante, foi aos 19 anos, logo depois de terminar o chamado ginásio, hoje fundamental II. Depois de algumas cartas, ficou acertado com uma tia da minha mãe que eu viria para São Paulo para trabalhar e continuar estudando. E assim cheguei em Sampa no ano de 1966 deixando atrás meus pais, meus irmãos, minha cultura e muita história para contar. Era realmente uma nova vida. Fui morar com pessoas que eu nunca tinha visto. Chorava quase todas as noites. A falta dos meus familiares doía muito, mesmo sabendo que tudo que tinha iria facilitar meu futuro. Trabalhava no centro de São Paulo, Viaduto do Chá, onde hoje é a prefeitura. Viajava todos os dias indo e vindo do trabalho. Estudava a noite, muitas vezes sem jantar e ia dormir muitas vezes com o estomago vazio porque tinha perdido a hora do jantar para não perder a hora do colegial técnico em contabilidade. Comi “o pão que o diabo amassou” mas nunca desisti. E tantas coisas aconteceram, mas vou encerrar por aqui com a intenção de continuar falando de outros anos que marcaram minha vida profundamente em qualquer dia vindouro.
Hoje estou feliz e inicio mais um ciclo da minha vida com a sensação de realização e de que “A VIDA VALE A PENA!” E eu gosto muito de viver!
Esther , Que esse novo ciclo possa ser marcado por experiências e lembranças boas em sua vida .
Parabéns !
Obrigada, querida Leonor!
parabêns, Esther <3
você é e sempre será uma inspiração pra mim. vou levar você sempre comigo para onde for. obrigada por ter me ajudado, me dado a mão e me acolhido. te amo muito.
E você me faz muito bem me dando esta devolutiva. Obrigada. De coração. Esther
Oi Esther vocè dá palestras em algum lugar, alguma igreja?
Quanta história para contar! Desde pequena uma guerreira! Linda história de vida! Exemplo!