De 1977 a 1986
Filhos pequenos. Muito tempo gasto com eles. Passeios, alimentação, brincadeiras e o início da vida escolar; doencinhas, idas ao pediatra, ortodentista; natação e etc. etc. Sem contar os acidentes infantis: braço quebrado, cotonete furando o ouvido, língua cortada… Dormir quando eles dormem. Nem sempre comer…Cinema, jantar fora e passeios a sós muitas vezes ficaram para depois…Cultivamos amizades neste tempo de filhos ainda pequenos e fizemos amigos que permanecem até hoje.
Mudamos de cidade. Fomos para uma casa maior, com quintal, árvores, coelhos e cachorro…
Eliel, meu marido, progredia e subia na escalada no mundo executivo.
Eu tinha todo o pique do mundo. Cuidava de todos os detalhes dos filhos: roupa, médico, lanche, tarefas escolares, levar e buscar nas escolas…no final do dia viajava 30km para estudar a noite, na Faculdade Teológica. Dormia depois da meia noite e as 06.30h estava em pé…Ufa!
Foi a década de muitas descobertas a respeito de mim mesmo. Algumas indicavam habilidades e talentos que tenho. Outras apontavam para minhas sombras. Situações e realidades dos anos já vividos, com muitos nós, que agora, no presente, eu precisava desatar, um por um. Caso contrário, a vida ficaria truncada.
Descobri que tinha muita habilidade para compartilhar alguma coisa aprendida, com mulheres, com jovens e com casais. Conseguia trazer lições da vida de Cristo para o cotidiano com muita facilidade. Mas também foi o tempo em que sofri as piores críticas da minha vida e me decepcionei muito com a instituição religiosa. Fui injustiçada e perseguida. Vi-me deprimida, por alguns meses, mas tudo isto só serviu para que experimentasse mais e mais do mistério da intimidade espiritual com Cristo. Experiência difícil de explicar, mas que foi real na minha vida e me tornou mais humana e compassiva.
Foi também a década da crise existencial. Afinal depois que se entra nos “entas” raramente se sai! E os quarenta estavam chegando!
Fiz dieta optando por uma alimentação saudável e pouco calórica. Perdi o pouco excesso de peso que tinha e voltei a ter o peso de solteira por muitos anos.
Voltamos da cidade pequena para onde morávamos antes: Santo André. Compramos uma nova casa, numa rua tranquila e sem saída, com a intenção de não mais sair dela. Mas tudo mudou em menos de um ano. Meu marido deixou de ser executivo e foi trabalhar numa instituição religiosa como administrador. Isto significou uma quebra grande nas nossas finanças. Caiu pela metade. Mas nossa crença era que, andar nos valores que acreditávamos e investir em pessoas valia mais que tudo.
No curso de teologia me especializei em aconselhamento.
Mudança de Santo André para São Paulo, bairro Interlagos.