Talvez uma das piores dores sofridas por uma pessoa em sua história de vida, é a dor de não ter sido amada adequadamente. Pior ainda é ter sido e ou se sentido excluída, do núcleo familiar, da escola ou de qualquer outro ambiente que fazia parte do seu convívio.
Esta falta dói tanto, que para sobreviver a criança ou adolescente, constrói defesas para se protegerem e resguardarem da intensidade da dor. Chega um dia que as defesas desmoronam e a pessoa, já adulta, pode voltar no vale das faltas e expressar toda a dor vivenciada ali. Nem todas as pessoas conseguem encontrar e acolher sua própria criança sofrida. Muitas além de não acolher ainda desprezam e condenam seus próprios feitos realizados num tempo de total vulnerabilidade e desproteção.
Pior ainda é que algumas pessoas, de alguma forma fazem aliança com aqueles que foram seus algozes e se tornam como adultos seus próprios ofensores. Beatriz (nome fictício) nunca fez parte de uma família enquanto criança, o que a fez sofre muito. Na vida adulta, quem se excluía dos grupos familiares ou de amigos, para surpresa de muitos, era ela mesmo.
Esta, talvez, seja uma das piores características da miserabilidade humana. A de repetir para si mesmo, os males sofridos que foram feitos por outros.
Que possamos aprender a cuidar bem de nos mesmos para cuidar ainda melhor de outros a nossa volta.
