O DIA MAIS LONGO
Fiquei me perguntando: Qual foi o dia mais longo? A sexta-feira da prisão e morte ou o sábado do sepulcro e silencio?
Penso que para Deus encarnado o dia mais longo foi a sexta-feira. Foi uma noite sem dormir, de quinta para sexta. Foi interrogado três vezes: por Anás, por Caifás e pelo Sinédrio, além de ter sido levado também a presença do rei Herodes.Tudo isto em menos de 24 horas a partir da sua prisão. Foi amarrado, açoitado no corpo e no rosto, ferido e enfim pregado na cruz que foi levantada no Gólgota. A morte de Cristo ocorreu por volta das 3h da tarde, mas seu sofrimento intenso começou no Getsêmane quando Ele entrou em contato com a angústia horrorosa que tomava conta de todo seu ser e transpirou sangue. Cristo ficou debilitado fisicamente e extenuado psicologicamente. Sucumbiu com o peso do madeiro e não conseguiu mais caminhar. Simão, que passava por ali, foi obrigado a carregar a cruz onde Cristo seria pregado.
Que dia longo, para finalmente ser declarado: “ESTÁ CONSUMADO!”
Se a sexta foi o dia mais longo para Cristo, penso que o dia mais longo para seus queridos foi o sábado. Cristo foi tirado da cruz, ainda na sexta-feira, por José de Arimatéia e colocado no túmulo novo pertencente a sua família. Para mim o dia de sábado foi o dia do nada. A cruz está lá no ch ao e vazia. Todo e qualquer raio de esperança desapareceu do coração dos seguidores. Ele, Cristo, morreu e não está mais na cruz. Enquanto se via o corpo haveria a esperança de que a situação poderia ser revertida. Mas agora o corpo esta no sepulcro. Sábado, antes do aleluia é o tempo do vazio. Do silencio sepulcral. Das esperanças frustradas. Da ausência, do desolamento, do desencanto, dos fins. Nada é pior que voltar do cemitério ou do crematório e dar de cara com o ACABOU! Enfim é o tempo onde a impotência toma a forma do oco do vazio e a dor deste vácuo abate de forma quase mortal! O sábado foi sem fim…
Este dia só fez algum sentido para Maria de Magdala, Maria, mãe de Jesus e outras mulheres, que entre lágrimas e tristeza, se ocuparam em preparar os ungüentos para terminarem os cuidados com o corpo morto de Cristo. Talvez por isso elas tiveram o privilégio de saber em primeiro lugar as mais novas notícias: Cristo vive!
Quantas vezes também temos dias longos. Dias longos porque a noite foi eliminada pela insônia! Dias de beijos enganosos; de proximidade falsa; de acusações distorcidas; de interrogatórios por aqueles que deveria saber quem somos. Angustia que dói até sangrar o coração ferido. Ferido, as vezes, por aqueles que dormem em nossas casas e comem em nossas mesas. Ou o dia é longo por causa do nada horroroso que se apresenta no lugar onde antes havia vida, esperança e presença. O cansaço domina e ficamos debilitados, e sem força alguma. Caímos prostrados e não vemos mais como caminhar…Que um Simão apareça, espontaneamente nos ajudar a caminhar até o Calvario. E lá contemplarmos Aquele que abriu o caminho da vida e o deixou alargado para passarmos com mais leveza e liberdade!
E que possamos enfrentar o que morre, como Maria de Magdala, até o final. Porque só quem vai até o fim pode ter a alegria de ver algo novo acontecer em decorrência e no lugar do que se foi.
Boa Páscoa para todos.